Nunca as redes de franquias precisaram tanto dos shopping centers, e vice-versa, para colocar em prática seus planos de expansão. Comodidade, segurança, conforto e estacionamento oferecidos pelos centros de compras aos consumidores tornaram esses espaços cada vez mais cobiçados pelas franqueadoras, principalmente as de fast-food, vestuário e calçados. E os empreendedores de shoppings, por sua vez, precisam de marcas fortes, conhecidas, consolidadas - as chamadas âncoras, até para que funcionem como chamariz de público para os empreendimentos.
Nos próximos quatro anos, a expectativa é que 70 novos shoppings serão inaugurados no Brasil. Cada shopping possui em média cerca de 120 lojas. As franquias vão representar a maior parte delas, segundo Marcos Hirai, sócio-diretor da BG&H Real Estate, unidade da GS&MD especializada em identificar pontos comerciais para redes em expansão. "As franquias veem cada vez mais os shoppings como um lugar para crescer. E os shoppings também precisam de marcas conhecidas para atrair o público", afirma.
A tendência, na avaliação de Hirai, é de os shoppings reunirem as marcas nacionais. As ruas, com algumas exceções, já concentrarão as lojas locais ou regionais. "O público não quer ver nos shoppings as marcas que vê nas ruas. Por isso, as redes de franquias têm tudo para reinar nos shoppings."
As franquias chegam a representar até 50% das lojas de shoppings. A expectativa é que esse percentual suba para 75% daqui a cinco anos, segundo especialistas em franchising. No setor de fast-food, as franquias já correspondem a 75% das lojas instaladas nas praças de alimentação.
Nos shoppings novos, as franquias chegam a participar com 70%. "A importância é dos dois lados. Os shoppings estão ligados às franquias e vice-versa, com a expansão dos dois setores", afirma Ricardo Bomeny, presidente da Associação Brasileira de Franquias (ABF).
O movimento de concentração de shoppings, o que significa mais shoppings sob a administração de um número menor de empresas, também estimulou o contato entre administradores de shoppings e de franquias.
Essa aproximação entre os dois setores fica cada vez mais evidente nos eventos que realizam. Na feira da ABF deste ano, empresas de shoppings estavam presentes, com seus estandes. Na feira de shoppings, redes de franquias já anunciavam as novas lojas em novos empreendimentos.
"A concentração de empresas que ocorreu nos setores de bancos, supermercados e farmácias está acontecendo no setor de shoppings centers, que está cada vez mais profissional, o que leva também à expansão das franquias", afirma Marcelo Cherto, presidente do grupo Cherto.
"Não há dúvida, são mercados que crescem de forma simultânea", afirma André Vidmar, diretor executivo da 5A Consultoria. A dependência maior ou menor entre os dois setores, segundo ele, varia com o ramo de negócio. "No caso de fast-food, por exemplo, as lojas são muito mais dependentes dos shoppings do que no caso de agências de viagem ou de locadoras de veículos", diz Vidmar.
Marcus Rizzo, especialista em franchising, afirma que os shoppings, por sua vez, já são mais dependentes de lojas âncoras. Ele cita McDonald's, Arezzo, Outback e Le lis Blanc, capazes de atrair consumidores e até lojistas independentes, aqueles que administram lojas locais, regionais, que são mais conhecidas em determinadas regiões.
O fato é que os dois setores estão vivendo um dos melhores momentos no país e desejam crescer um com o apoio do outro, segundo especialistas. A Ancar Ivanhoe, empreendedora e gestora de shoppings, que administra 16 empreendimentos no Brasil, informa que as franquias são cada vez mais representativas em seus negócios e opção para quem quer abrir uma loja.
"As franquias, como já possuem marcas consolidadas, acabam sendo também as mais preferidas pelos lojistas, até porque os riscos do negócio são menores", afirma Felipe Furtado, diretor comercial da Ancar Ivanhoe. De cada nove lojas que fecham em shoppings, uma é franquia, segundo Rizzo.
As empresas de shoppings, por sua vez, definem cada vez mais as marcas que querem ter em seus novos empreendimentos. "Um shopping é planejado hoje em cima de marcas. É por isso que há interesse nas franquias e vice-versa. Cada vez mais os shoppings querem negociar com as redes de franquia, e não de forma isolada. E as perspectivas são as melhores possíveis, já que o varejo brasileiro é um dos que mais crescem no mundo", afirma Cherto.
Existem hoje cerca de 2.000 marcas franqueadas no país e a expectativa para 2012 é de crescimento de 8% sobre esse número. O faturamento dessas franquias deve atingir R$ 86 bilhões neste ano. A previsão é chegar a R$ 100 bilhões no ano que vem, segundo levantamento da ABF.
"A entrada de milhões de brasileiros para o mercado de consumo estimulou as empresas de shoppings e as franquias, que estão também cada vez mais profissionalizadas", afirma Jaimes Almeida Junior, C&O da Westfield Almeida Junior, com cinco shoppings em Santa Catarina.
A associação do grupo australiano Westfield com a brasileira Almeida Junior, em agosto último, vai levar a empresa a crescer também fora de Santa Catarina. Dois projetos estão em desenvolvimento em São Paulo, um na Grande Porto Alegre (RS) e outro no Nordeste do Brasil. Almeida Junior diz que as franquias são tão importantes para esses novos projetos que a empresa está criando uma área exclusiva para atendê-las.
Fonte: Valor Econômico, 2011.
André Vidmar Sócio da Soluções Certas Consultoria foi entrevistado pelo jornal Valor Econômico sobre franquias. A reportagem foi publicada dia 29 de novembro e fala sobre a "Dependência de franquias é cada vez maior " no especial sobre Shopping Centersde Fátima Fernades. Segue a reportagem na íntegra.
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